Nos últimos 50 anos, derrubaram-se muros que hoje nos parecem inexplicáveis.
Abriram-se portas que pareciam intransponíveis e que hoje são assumidas como vias básicas nos nossos direitos.
Portas abertas pela afirmação e concretização de um Estado Social alicerçado na igualdade de oportunidades e na solidariedade como valores essenciais da sociedade.
Seja na igualdade entre homens e mulheres.
Seja na universalização da educação e na criação do Serviço Nacional de Saúde.
Seja na criação do sistema público universal de Segurança Social.
Seja na afirmação dos direitos dos trabalhadores, na proteção na doença e no desemprego, na parentalidade, na proibição do despedimento sem justa causa.
Seja nas respostas sociais às Crianças, aos mais Velhos, às Pessoas com deficiência.
É sempre bom lembrar que havia profissões vedadas às Mulheres. Hoje a luta é outra e ainda continua: igualdade salarial e presença nos lugares de decisão.
É sempre bom lembrar que em 1973 eram pagas 530 mil pensões. Hoje são 3 milhões.
É sempre bom lembrar que em 1973 havia 16 creches em Portugal. Hoje há 2.500.
É sempre bom lembrar que os equipamentos sociais residenciais de apoio a idosos ou a pessoas com deficiência eram poucos e apenas estavam acessíveis a quem tinha maiores rendimentos ou eram encarados como asilos, locais onde ninguém queria estar.
Temos hoje serviços sociais de apoio nomeadamente apoio domiciliário, centros de dia, centros dedicados às Pessoas com deficiência, o novo Modelo de Apoio à Vida Independente, creches gratuitas.
50 Anos de Abril transformaram o País e mostraram que é possível construir em conjunto uma Sociedade que acredita que com Todos se vai mais longe.
50 Anos de Abril demonstraram que a liberdade de expressão nos permite uma realização plena do valor da cidadania e a convicção permanente de que podemos sonhar e voar mais alto nesta aspiração coletiva de uma sociedade mais rica porque partilha e reconhece em cada um a dignidade de ser Pessoa e o Talento de ser parte.
Tempo de celebrar, mas também tempo para sonhar, voar e ir mais longe.
Sonhar, voar e ir mais longe implica que mantenhamos vivos o espírito e os valores de Abril, com a capacidade de não nos acomodarmos com as conquistas conseguidas porque há muitas ainda por realizar.
As celebrações dos 50 anos do 25 de Abril no âmbito do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, têm também esta missão.
Interpelemo-nos e inquietemo-nos permanentemente pela capacidade de ver, ouvir e ler.
50 Anos de Abril é não deixar de sonhar porque há ainda muito Abril por concretizar e muito ainda por voar.
Porque Cumprir Abril é garantir que qualquer Pessoa onde quer que nasça e onde quer que viva em Portugal possa cantar:
Somos livres, somos livres de voar, somos livres, somos livres de crescer, somos livres, somos livres de dizer, somos livres, somos livres.
Não voltaremos atrás.
Ana Mendes Godinho,
Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social